A
tecnologia nos trouxe a real possibilidade de experimentar situações que eram
consideradas impossíveis ou vistas como meros produtos dos filmes e livros de
ficção científica. Quem imaginaria há trinta anos que seria possível conversar
com uma pessoa que mora em outro continente por vídeochamada? Ou que poderíamos
encontrar qualquer informação rapidamente à distância de um clique? Celulares e
tablets com toda a funcionalidade e potência que conhecemos, e que estão se
tornando ferramentas básicas e banais, não eram cogitados pela grande parte das
pessoas do planeta.
Olhando
bem, toda essa (r)evolução tecnológica que testemunhamos aconteceu em menos de
um século! Dispositivos cada vez menores e com mais potência são criados, ao
passo que um novo mundo, o virtual, começa a tomar conta do nosso cotidiano.
A
ironia disso tudo é que é exatamente esse mundo virtual, “irreal”, resultado da
soma tecnologia e internet, que consome uma grande fatia das nossas vidas
“reais”.
A
verdade é que as realidades estão se mesclando e o que antes era (aparentemente)
simples e unilateral, ou seja, ter uma vida baseada na presença física das
relações humanas, agora caminha para uma vivência complexa, com oportunidades
nebulosas.
Não
quero dar o alarme do fatalismo, muito menos levantar a bandeira do saudosismo
não-tecnológico. Seria até estranho vindo da pessoa que vos fala, uma viciada
em internet. No entanto, é necessário refletir como a tecnologia afeta nosso
comportamento para que possamos extrair o melhor dela.
Afinal
de contas, a ideia inicial era essa, não era?
E
vejam bem, como eu mesma me defini, sou aficcionada em internet, anseio por
novas funcionalidades tecnológicas, sou assumidamente fascinada pelo turbilhão,
sempre enlouquecedor, de informações que aparecem em milésimos de segundos
nesse espaço infindável em sua capacidade de criar e armazenar conteúdos.
Observo, gradativamente, mais pessoas entrando nessa mesma vibe, conectadas full time,
sedentas por novidades, curiosas por um mundo que conhecemos tão pouco e que
nos encanta tanto.
Mas
até quando vamos aguentar tanta pressão? Será que não estamos indo com muita
sede ao pote?
Como
toda vida dupla, estar se doando em duas esferas cansa. Fatiga e sufoca a
mente.
A
avalanche de notícias e novidades está ajudando a criar indivíduos ansiosos e
compulsivos.
Não
nos permitimos sentir tédio. A necessidade de absorver informações, produzir
conteúdos, faz com que nos sintamos culpados e ansiosos quando não estamos
fazendo nada.
Ganhamos
em conteúdo e informação generalizada, mas perdemos em foco e concentração em
um assunto específico. Segundo Esteban Clua, professor do Instituto de
Computação da UFF e gerente do Media Lab, laboratório da universidade para
desenvolvimento de mídias digitais, a Geração Y, conectada full time, tem
grande dificuldade em ler um texto longo porque estão acostumadas com os 140
caracteres do Twitter.
É
claro que não há necessidade para extremismos. O caminho do meio pode ser uma
boa maneira de equilibrar mundo real e virtual. Aliás, essa dica funciona para
todos os aspectos de nossas vidas.
Portanto, desligar a televisão, o celular, ficar offline, ter um tempo para fazer nada,
além de ajudar a nossa saúde mental, nos auxilia a olhar para nós também. O
momento do ócio é uma boa ferramenta de auto-conhecimento.
Precisamos desconectar para interagirmos com quem
está do nosso lado, parar criarmos laços com quem está presente.
Cabe
a nós sabermos administrar tais ferramentas. Ansiedade e compulsão sempre
estiveram aí, são parte do nosso sistema emocional quando algo está em
desequilíbrio. A questão não são os sintomas, eles apenas nos avisam de que
algo está fora do lugar.
Desligar
é bom e eu sempre me lembro disso quando estou em ambientes em que a tecnologia
não chega.
Vamos sim, ser conectados. Mas que busquemos saber
o momento de desconectar. Sem culpas ou angústias. Equilibrar
as realidades pode ser uma boa maneira de lidar com o paradigma dos tempos
modernos.
Ficar
offline (também) é preciso.
ATIVIDADE:
1)
Indicar situações em que as tecnologias nos ajudam...
2)
Indicar situações em que é preciso desconectar...
3) Escrever
um texto destacando a necessidade de conectar...
4)
Escrever um texto destacando a necessidade de desconectar...