Frei Aldo Colombo
No deserto,
sem os ruídos, sem as luzes, sem a pressa de nosso tempo, Deus se revela como
Deus. Podemos criar nosso deserto
O filho - cinco
anos - estava na idade das perguntas e nem todas as respostas o satisfaziam.
Pai, Deus é muito grande? Sim, Deus é muito grande, concordou o pai. Grande
como, quis saber o menino, maior que nossa casa? Evidentemente, a teologia do
pai não estava preparada para uma explicação maior. Você está vendo aquele
avião, quis saber o pai. Olhando o céu, o menino percebeu o avião. O pai
insistiu: qual o tamanho dele? É muito pequeno, mal dá para ver, retrucou o
filho.
Dias depois, pai e filho foram ao aeroporto buscar um conhecido
que retornava da Europa. No aeroporto estavam dezenas de aviões de todos os
feitios e cores. Um deles estava acolhendo os passageiros. O pai repetiu a
pergunta feita dias antes: qual o tamanho deste avião? É enorme, bem novo e
colorido, respondeu o menino. Sabe, filho, concluiu o pai: assim é Deus. Seu
tamanho depende da distância. Se estamos longe dele, é muito pequeno, quase não
o enxergamos. Porém, se estamos perto, Deus é enorme, é infinito, maior do que
qualquer coisa.
No passado, muitos anacoretas procuravam o deserto como o local de
encontro com Deus. Sem os ruídos, sem as luzes, sem a pressa de nosso mundo, no
deserto Deus se revela como Deus.
Lá não era possível fugir de sua presença. Hoje é impraticável ir
ao deserto, mas nós podemos criar nosso próprio deserto, cheio de silêncio e
luz, onde Deus se revela em toda sua grandeza e sabedoria. Esse deserto pode
conviver com os automóveis, fábricas, ruídos de nossa casa ou nosso bairro. É o
tempo que separamos para nossa oração. Ali podemos avaliar o tamanho de Deus.
Sem esse tempo, Deus se torna uma ideia. Se torna um pequeno ponto
que nada tem a ver com nossa vida. Ele chega a perder sua identidade e o
fazemos assumir nossas limitações. Mesmo não sendo crente, o filósofo francês
Voltaire tinha critérios suficientes para dimensionar a Deus. A Bíblia, dizia
ele, garante que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança (Gn 1,27). O
homem se vinga, criando um Deus à própria imagem e semelhança, ou seja, um Deus
muito pequeno e alheio à realidade.
São Francisco de Assis passava horas repetindo sua oração
preferida: “Meu Deus e meu Tudo”. Ele, Francisco, quase não estava presente na
oração. Nem mesmo se preocupava com seus pecados. Todo o espaço era ocupado por
Deus, o Senhor de sua vida. Para os israelitas, Javé - nome que davam a Deus -
era o Deus das tendas caminhando sempre com seu povo.
E o Salmo 18 proclama: “Tu és o meu Deus, eu Te agradeço porque
Teu amor é para sempre” (Sl 118,28)
ATIVIDADE:
1. Pesquisar e relacionar os diferentes nomes dados a Deus pelas
mais diversas religiões e Igrejas...
2. Assinalar palavras novas no texto acima e qual o significado...
3. Entrevistar pessoas e descrever qual a imagem de Deus que
relatam...
4. Dialogar sobre espaços e situações que nos aproximam de Deus..
5. Relatar um fato concreto - experiência - de
proximidade com Deus...