05 maio 2014

29. QUAL O TAMANHO DE DEUS?


Frei Aldo Colombo

No deserto, sem os ruídos, sem as luzes, sem a pressa de nosso tempo, Deus se revela como Deus. Podemos criar nosso deserto



O filho - cinco anos - estava na idade das perguntas e nem todas as respostas o satisfaziam. Pai, Deus é muito grande? Sim, Deus é muito grande, concordou o pai. Grande como, quis saber o menino, maior que nossa casa? Evidentemente, a teologia do pai não estava preparada para uma explicação maior. Você está vendo aquele avião, quis saber o pai. Olhando o céu, o menino percebeu o avião. O pai insistiu: qual o tamanho dele? É muito pequeno, mal dá para ver, retrucou o filho.

Dias depois, pai e filho foram ao aeroporto buscar um conhecido que retornava da Europa. No aeroporto estavam dezenas de aviões de todos os feitios e cores. Um deles estava acolhendo os passageiros. O pai repetiu a pergunta feita dias antes: qual o tamanho deste avião? É enorme, bem novo e colorido, respondeu o menino. Sabe, filho, concluiu o pai: assim é Deus. Seu tamanho depende da distância. Se estamos longe dele, é muito pequeno, quase não o enxergamos. Porém, se estamos perto, Deus é enorme, é infinito, maior do que qualquer coisa.

No passado, muitos anacoretas procuravam o deserto como o local de encontro com Deus. Sem os ruídos, sem as luzes, sem a pressa de nosso mundo, no deserto Deus se revela como Deus.

Lá não era possível fugir de sua presença. Hoje é impraticável ir ao deserto, mas nós podemos criar nosso próprio deserto, cheio de silêncio e luz, onde Deus se revela em toda sua grandeza e sabedoria. Esse deserto pode conviver com os automóveis, fábricas, ruídos de nossa casa ou nosso bairro. É o tempo que separamos para nossa oração. Ali podemos avaliar o tamanho de Deus.
Sem esse tempo, Deus se torna uma ideia. Se torna um pequeno ponto que nada tem a ver com nossa vida. Ele chega a perder sua identidade e o fazemos assumir nossas limitações. Mesmo não sendo crente, o filósofo francês Voltaire tinha critérios suficientes para dimensionar a Deus. A Bíblia, dizia ele, garante que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança (Gn 1,27). O homem se vinga, criando um Deus à própria imagem e semelhança, ou seja, um Deus muito pequeno e alheio à realidade.

São Francisco de Assis passava horas repetindo sua oração preferida: “Meu Deus e meu Tudo”. Ele, Francisco, quase não estava presente na oração. Nem mesmo se preocupava com seus pecados. Todo o espaço era ocupado por Deus, o Senhor de sua vida. Para os israelitas, Javé - nome que davam a Deus - era o Deus das tendas caminhando sempre com seu povo.

E o Salmo 18 proclama: “Tu és o meu Deus, eu Te agradeço porque Teu amor é para sempre” (Sl 118,28)

ATIVIDADE:
1. Pesquisar e relacionar os diferentes nomes dados a Deus pelas mais diversas religiões e Igrejas...
2. Assinalar palavras novas no texto acima e qual o significado...
3. Entrevistar pessoas e descrever qual a imagem de Deus que relatam...
4. Dialogar sobre espaços e situações que nos aproximam de Deus..
5. Relatar um fato concreto - experiência - de proximidade com Deus...

Nenhum comentário: