02 dezembro 2017

60. EMPATIA, PALAVRA MÁGICA?

Texto de Tríssia Ordovás Sartori – publicação no Jornal Pioneiro, caderno almanaque página 16, 2/3 dezembro 2017.


Colocar-se no lugar do outro: eis um dos grandes desafios dos nossos tempos. Tudo anda tão polarizado, tão cheio de certos e errados, que apenas uma opinião parece importar – a minha e a dos que pensam do mesmo jeito. Uma olhada na própria timeline do Facebook, diante de um assunto minimamente polêmico, já serve como exemplo.

Mas aí uma palavrinha mágica, a empatia, entra na moda (são 12,4 milhões de páginas no Google com o termo, seis vezes mais do que "empoderada", por exemplo) para lembrar que é necessário e urgente sair da bolha.

Colocar a palavra em prática aparece como ação essencial ao futuro de cada um de nós. O filósofo australiano Roman Krznaric – que tem O Poder da Empatia como obra mais recente – usa um termo que considero bem interessante, "outrospecção", para se opor à introspecção. Ele não considera um mais importante do que o outro, acha fundamental que possamos olhar para dentro de nós e descobrirmos quem realmente somos, mas também considera imprescindível descobrir quem somos e viver fora de nós, com base na observação e compreensão dos outros. O pensador afirma que o nível da empatia no mundo está em decréscimo, dado ao modo mega individualista como vivemos, embora sejamos naturalmente empáticos, predispostos a se comover e ajudar uns aos outros – 98% têm capacidade à empatia, e a neurociência moderna acredita que ela é um antídoto ao nosso egoísmo e pode nos deixar mais equilibrados.

Mas, claro, há que repudie a ideia. O psicólogo canadense Paul Bloom, no livro Against Empathy: The Case for Rational Compassion (Contra a empatia: o caso pela compaixão racional), aponta os perigos da empatia, como seu uso pela literatura de autoajuda ou da propaganda política, para usar exemplos sintéticos. Ele defende que sentir ou projetar as emoções dos outros pode provocar desigualdades e imoralidades. Desta forma, assuntos relacionados à moral, à ética e à economia deveriam ter um outro encaminhamento, mais racional. Isso porque a empatia seria instintiva, irracional e tendenciosa.

Torço para que o vocábulo empatia não se banalize, para evitar que as pessoas sequer possam ouvir falar nele (tal qual #beijosdeluz #gratidão #empoderamento) e gosto de pensar que a vida fica melhor quando a gente se dispõe a pensar naquilo pelo que devemos agradecer. E, voltando às polêmicas (de Facebook ou vida real) vale fazer um esforço para compreender como e por que as pessoas pensam dessa ou de outra maneira. Não precisamos concordar com elas, mas o exercício de calçar os sapatos dos outros e perceber o trajeto até o ponto onde elas chegaram até nós é uma possibilidade, no mínimo, instigante.

ATIVIDADE:
1. Destacar palavras e frases que chamam sua atenção.
2. Dialogar sobre o significado de empatia e citar exemplos...
3. Dialogar sobre o que significa sair da bolha...
4. Dialogar sobre o significado de outrospecção e instrospecção...
5. Outros destaques no texto...

20 junho 2017

59. ARMAS OU SEMENTES?

adaptação de autor desconhecido







É preciso cuidar de como apresentar nossas ideias para outras pessoas.

Ideias podem ser armas ou sementes, sendo disparadas ou acolhidas nos corações. Podem ferir ou frutificar.

Ideias como armas matam a inspiração e neutralizam a motivação. Ideias como sementes criam raízes, desenvolvem e se tornam realidade na vida das pessoas em que foram plantadas.

A ideia semente ao germinar e crescer torna-se parte da pessoa na qual foi plantada e você provavelmente não terá nenhum mérito pela autoria da ideia. Mas o seu gesto de semear, plantar, se transformará em grande colheita.

ATIVIDADE:
1. Ler o texto e destacar as palavras que considera mais significativas.
2. Identificar e dialogar sobre quais valores são sementes em nossa vida.
3. Identificar e dialogar sobre quem semeia valores em nossa vida e por que o faz.
4. Fazer uma relação do que identifico como sementes plantadas e cultivadas por minha família, minha escola, meu grupo, por mim pessoalmente... Dialogar positivamente sobre os resultados percebidos...

28 fevereiro 2017

58. CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2017


Tema: “Fraternidade: Biomas Brasileiros e Defesa da Vida
Lema: Cultivar e guardar a Criação (Gn 2,15)

A CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2017 tem como proposta principal incentivar a preservação da diversidade de cada bioma, isto é, cuidar de toda a vida que se manifesta em um determinado local.

BIOMA é um conjunto de características físicas, químicas e biológicas que influenciam a existência de uma espécie animal ou vegetal.

NO BRASIL SÃO IDENTIFICADOS SEIS GRANDES BIOMAS: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa. A Mata Atlântica e o Pampa são os dois biomas do Rio Grande do Sul. A Amazônia, maior bioma do Brasil, marcado pela maior bacia hidrográfica de água doce do mundo, ocupa 61% do território nacional. Nesses biomas vivem pessoas, povos, resultantes da imensa miscigenação brasileira.

Neste início do terceiro milênio, o Brasil tem uma população de mais de 200 milhões, sendo mais de 160 milhões vivendo em cidades. O impacto dessa concentração populacional sobre o meio ambiente produz problemas que põem em risco as riquezas dos biomas brasileiros.

Cuidar da vida que se manifesta na natureza, na cultura e nos povos é missão de todos. A depredação dos biomas, a crise ecológica, o descaso para com a natureza, pedem uma conversão de todas as pessoas. A natureza precisa ser cuidada, respeitada e valorizada.

A Campanha da Fraternidade 2017, vivenciada com mais intensidade no tempo da Quaresma, quer ser um verdadeiro retiro de 40 dias, em que somos convidados a olhar para a natureza e ver como podemos cuidá-la melhor. Precisamos perceber que a nossa fé tem a ver com o ar que respiramos, com a flora e a fauna que apreciamos, com as águas e o mar.

SOMOS TERRA. É preciso ter consciência de que tudo está interligado, não somos donos, mas fazemos parte da natureza e “todos somos terra”, como afirma o papa Francisco. Sem uma mística, um sentido profundo da vida, o ser humano não muda suas atitudes. Que a as ações da Campanha da Fraternidade nos ajude a sermos mais humanos, fraternos e solidários pois todos somos terra.

ORAÇÃO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2017:
Deus, nosso Pai e Senhor, nós vos louvamos e bendizemos,
por vossa infinita bondade.
Criastes o universo com sabedoria e o entregastes em nossas frágeis mãos para que dele cuidemos com carinho e amor.

Ajudai-nos a ser responsáveis e zelosos pela Casa Comum.
Cresça, em nosso imenso Brasil,
o desejo e o empenho de cuidar mais e mais da vida das pessoas,
e da beleza e riqueza da criação,
alimentando o sonho do novo céu e da nova terra
que prometestes. Amém.


ATIVIDADES sugerdas:
1. Dialogar sobre o significado de BIOMA e identificar biomas internacionais, brasileiros e pequenos biomas próximos de onde moramos.
2. Desenhar ou ilustrar com recortes BIOMAS.
3. Por que CAMPANHA da Fraternidade? Qual o significado da palavra “campanha” e da palavra “fraternidade”?

4. “Cultivar e guardar a Criação. Dialogar sobre o significado da palavra “cultivar”.
5. Cuidar da vida que se manifesta na natureza, na cultura e nos povos é missão de todos. Dialogar sobre o significado da palavra “cuidado”.
6. Construir frases semelhantes ao lema da Campanha da Fraternidade, motivadoras do cuidado para com a vida e colocá-las nos ambientes da escola, lugares públicos, em casa, publicá-las nas redes sociais...
7. Motivar a Oração da Campanha da Fraternidade 2017, dialogar sobre o seu conteúdo e criar momentos para rezá-la juntos.

8. Pesquisar e apresentar características das pessoas que vivem em cada bioma brasileiro, sua cultura, tradições, principais atividades que realizam...
9. Criar um power point, vídeo... motivando para o cuidado com a vida e publicar nas redes sociais.
10. Criar ações concretas de cuidado para com a Criação para serem colocadas em prática nos ambientes em que vivemos.
11. Dialogar sobre o conteúdo da letra do HINO da CAMPANHA da FRATERNIDADE 2017. HinoCF2017


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20 fevereiro 2017

57. A BOMBA D'ÁGUA


Autor desconhecido

Contam que um certo homem estava perdido no deserto, prestes a morrer de sede. Foi quando ele chegou a uma casinha velha – uma cabana – sem janelas, sem teto, batida pelo tempo. O homem perambulou por ali e encontrou uma pequena sombra onde se acomodou, fugindo do calor do sol desértico.

Olhando ao redor, viu uma bomba d’água a alguns metros de distância, velha e enferrujada. Ele se arrastou até ali, agarrou a manivela, e começou a bombear sem parar. Nada aconteceu. Desapontado, caiu para trás e notou que ao lado da bomba havia uma garrafa. Olhou-a, limpou-a, removendo a sujeira e o pó, e leu o seguinte recado: “Você precisa primeiro preparar a bomba com toda a água desta garrafa, meu amigo. PS.: Faça o favor de encher a garrafa outra vez antes de partir.”

O homem arrancou a rolha da garrafa e, de fato, lá estava a água. A garrafa estava quase cheia de água! De repente, ele se viu em um dilema: Se bebesse aquela água poderia sobreviver, mas se despejasse toda a água na velha bomba enferrujada, talvez obtivesse água fresca, bem fria, lá no fundo do poço, toda a água que quisesse e poderia deixar a garrafa cheia para a próxima pessoa... mas talvez isso não desse certo.

Que deveria fazer? Despejar a água na velha bomba e esperar a água fresca e fria ou beber a água velha e salvar sua vida? Deveria perder toda a água que tinha na esperança daquelas instruções pouco confiáveis, escritas não se sabia quando?

Com relutância, o homem despejou toda a água na bomba. Em seguida, agarrou a manivela e começou a bombear… e a bomba começou a chiar. E nada aconteceu!
E a bomba foi rangendo e chiando. Então surgiu um fiozinho de água; depois um pequeno fluxo, e finalmente a água jorrou com abundância! A bomba velha e enferrujada fez jorrar muita, mas muita água fresca e cristalina. Ele encheu a garrafa e bebeu dela até se fartar. Encheu-a outra vez para o próximo que por ali poderia passar, arrolhou-a e acrescentou uma pequena nota ao bilhete preso nela: “Creia-me, funciona! Você precisa dar toda a água antes de poder obtê-la de volta!”


O que podemos aprender a partir dessa história?
1. Nenhum esforço que façamos será válido, se feito da forma errada. Você pode passar sua vida toda tentando bombear algo quando alguém já tem reservado a solução para você.
Preste atenção à sua volta! Alguém pensou em nós, alguém cuidou e cuida de nós...

2. Dialogar sobre quem cuidou e cuida de nós – ontem e hoje – identificar dando nomes e situações...

3. Como o homem do deserto, temos orientações por escrito à nossa disposição.
Identificar orientações que nos motivam...

4. Olhar adiante e compartilhar! Aquele homem poderia ter se fartado e ter se esquecido de que outras pessoas que precisassem da água pudessem passar por ali. Ele não se esqueceu de encher a garrafa e ainda por cima soube dar uma palavra de incentivo.
Se preocupe com quem está próximo de você, lembre-se: você só poderá obter água se a der antes. Cultive relacionamentos sadios, dê o melhor de si! Tempo de diálogo sobre o que isto significa...


5. Ilustrar e recontar, reescrever com suas próprias palavras, a história da bomba d’água.